Volta de umidade nas principais regiões produtoras de soja
Após um início marcado por atrasos devido à falta de chuvas, o plantio da soja para a safra 2024/25 avançou significativamente com as precipitações registradas na segunda quinzena de outubro. Estados como Paraná e Mato Grosso aproveitaram a janela de plantio para recuperar o tempo perdido, enquanto o Rio Grande do Sul ainda enfrenta dificuldades por conta da irregularidade das chuvas. A previsão de continuidade das precipitações nas principais regiões produtoras de soja traz otimismo, mas também exige maior atenção ao manejo fitossanitário, especialmente no controle de fungos e pragas.
Desafios Fitossanitários com o Plantio Tardio
O plantio tardio impacta diretamente o ciclo da soja, expondo as lavouras a condições climáticas mais severas durante fases críticas, como a floração (R1) e o enchimento de grãos (R5). Esse cenário pode favorecer a ocorrência de doenças fúngicas como a ferrugem asiática, míldio e mancha-alvo, além de pragas como lagartas, percevejos e mosca-branca.
De acordo com Fábio Kagi, gerente de Assuntos Regulatórios do Sindiveg, as condições de alta temperatura, elevada umidade relativa e períodos prolongados de molhamento foliar criam um ambiente ideal para o desenvolvimento de doenças fúngicas. “Esses fatores, aliados ao estresse hídrico que pode ocorrer em períodos mais secos, tornam o monitoramento constante e o manejo adequado imprescindíveis”, explica.
Estratégias para o Manejo de Doenças Fúngicas
Nas regiões produtoras de soja, o manejo de doenças fúngicas é um dos principais desafios enfrentados pelos agricultores. Essas áreas, marcadas por condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de fungos, exigem estratégias integradas que combinem monitoramento constante, controle químico eficiente e práticas agrícolas sustentáveis. Essas medidas são cruciais para proteger a produtividade e a qualidade das safras.
Controle Eficiente de Doenças Fúngicas: Estratégias Essenciais
Um manejo eficaz de doenças fúngicas requer a integração de práticas preventivas e curativas, combinando técnicas que protejam a lavoura desde o início do ciclo até a colheita. Confira as principais ações:
1. Monitoramento Regular
Realizar inspeções frequentes na lavoura para identificar precocemente os primeiros sinais de doenças. O monitoramento contínuo permite ações rápidas, reduzindo os danos causados pelos patógenos e minimizando os custos com tratamentos mais intensivos.
2. Pulverizações Estratégicas
A aplicação de fungicidas deve ser feita de maneira preventiva, especialmente em condições ambientais que favoreçam o desenvolvimento de doenças, como alta umidade e temperaturas elevadas.
- Utilize produtos específicos para cada patógeno e alterne os princípios ativos para evitar o desenvolvimento de resistência dos fungos.
- Priorize o uso de fungicidas sistêmicos e protetores, dependendo do estágio da cultura e das condições climáticas.
3. Condições Ideais de Aplicação
Para maximizar a eficiência dos produtos aplicados, é essencial observar as condições durante as pulverizações:
- Realize as aplicações em horários com baixa intensidade de vento e temperaturas mais amenas, preferencialmente no início da manhã ou no final da tarde.
- Certifique-se de que o equipamento de pulverização esteja bem calibrado para garantir cobertura uniforme e alcance de todas as partes da planta.
4. Manejo Integrado de Doenças (MID)
O manejo integrado é uma abordagem sustentável e eficiente que combina diferentes métodos de controle para minimizar o impacto das doenças fúngicas.
- Cultivares Resistentes: Escolha variedades com maior tolerância genética a doenças específicas, reduzindo a necessidade de defensivos.
- Rotação de Culturas: Alterne a soja com outras culturas, como milho ou sorgo, para quebrar o ciclo de doenças e reduzir a pressão de inóculo.
- Eliminação de Restos Culturais: Remova os resíduos da colheita que possam servir de abrigo ou fonte de inoculação para patógenos na safra seguinte.
A integração dessas estratégias, alinhada ao conhecimento técnico e às condições específicas de cada lavoura, é fundamental para prevenir perdas significativas na produtividade e garantir uma colheita de alta qualidade.
Cultivares com Tecnologia Avançada para Controle de Doenças e Pragas
A tecnologia incorporada nas cultivares de soja modernas tem sido uma aliada no controle de pragas e doenças. Destacam-se:
- GH5933IPRO: Da linha Intacta RR2 PRO, essa cultivar combina resistência a pragas e doenças com alto potencial produtivo. Sua adaptabilidade a diferentes condições climáticas e solos, aliada a um sistema radicular robusto, oferece maior segurança contra estresses bióticos e abióticos.
- GH6433I2X: Com a tecnologia Intacta 2 Xtend, essa variedade é resistente a herbicidas e oferece proteção contra pragas, além de excelente sanidade foliar, sendo ideal para o Sul do Brasil.
Controle de Pragas: Práticas Recomendadas
Nas regiões produtoras de soja, o controle de pragas é uma prática indispensável para preservar o potencial produtivo das lavouras. Pragas como lagartas, percevejos e mosca-branca podem causar prejuízos significativos, exigindo estratégias que integrem monitoramento contínuo, controle biológico e o uso de tecnologias avançadas. O manejo adequado nessas áreas é essencial para garantir safras saudáveis e produtivas.
Manejo Cuidadoso de Pragas: Estratégias Fundamentais
Além das doenças fúngicas, pragas como lagartas, percevejos e mosca-branca apresentam desafios significativos ao longo do ciclo da soja. Para minimizar os impactos e proteger o potencial produtivo, é essencial adotar práticas integradas de manejo, como:
1. Controle Biológico
- Utilize inimigos naturais, como parasitoides (Trichogramma spp.) e predadores (joaninhas e crisopídeos), que auxiliam na regulação natural das populações de pragas.
- Adote bioinseticidas à base de microrganismos, como Bacillus thuringiensis (Bt) e fungos entomopatogênicos, que são eficientes contra diversas lagartas e outras pragas sem prejudicar o equilíbrio do ecossistema.
2. Monitoramento e Amostragem
- Realize inspeções frequentes na lavoura, especialmente em estágios sensíveis como o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
- Utilize armadilhas luminosas ou adesivas para monitorar o aparecimento de pragas como a mosca-branca.
- Estime os níveis de infestação com base no nível de dano econômico (NDE) para determinar o momento adequado de intervenção.
3. Uso de Inseticidas de Forma Estratégica
- Opte por inseticidas seletivos que tenham baixo impacto sobre inimigos naturais e organismos não-alvo.
- Realize aplicações direcionadas apenas em áreas infestadas, minimizando o uso excessivo de produtos químicos.
- Combine inseticidas com o controle biológico para potencializar os resultados e evitar o desenvolvimento de resistência nas pragas.
4. Tecnologias de Resistência
- Escolha cultivares com características genéticas avançadas, como a tecnologia Bt, que confere resistência a lagartas e reduz a necessidade de aplicações químicas.
- Utilize cultivares adaptadas às condições locais, resistentes a pragas específicas, como percevejos, para garantir maior estabilidade na produção.
Abordagem Integrada no Controle de Pragas
A combinação de métodos biológicos, químicos e culturais, integrada ao monitoramento contínuo, permite um controle mais eficiente e sustentável nas regiões produtoras de soja. Essa abordagem reduz os custos com defensivos, diminui impactos ambientais e melhora a produtividade da lavoura ao longo da safra.
Importância da Sustentabilidade no Manejo
A integração de práticas sustentáveis no manejo fitossanitário, como o uso de biopesticidas, diversificação de cultivos e tecnologias avançadas, não só reduz custos como também promove a longevidade dos sistemas produtivos.
“A adoção de um manejo integrado, aliado a tecnologias inovadoras, é o caminho para garantir alta produtividade com sustentabilidade. O Brasil, como líder na produção de soja, tem mostrado que é possível aliar eficiência econômica e preservação ambiental”, conclui Kagi.
Com o avanço do plantio da safra 2024/25, os produtores devem manter o foco em estratégias fitossanitárias integradas para garantir uma colheita saudável e produtiva. O monitoramento contínuo, aliado à escolha de cultivares e práticas de manejo eficazes, será essencial para superar os desafios da temporada.
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