Fim do vazio sanitário da soja em Goiás
O vazio sanitário da soja, período crucial para o controle de pragas e doenças na cultura, chegou ao fim em Goiás, abrindo caminho para o início do plantio da safra 2024/25. Com isso, produtores do estado se preparam para uma nova temporada de cultivo, que promete ser marcada por boas expectativas em termos de produtividade e mercado, mas também com desafios que exigem atenção redobrada.
A Importância do Vazio Sanitário da Soja
O vazio sanitário é uma prática agrícola obrigatória em Goiás, assim como em outros estados brasileiros, que consiste em um período de no mínimo 60 dias, geralmente entre junho e setembro, em que o cultivo de soja é proibido. Durante este intervalo, os campos de soja devem permanecer sem plantas vivas da cultura, o que inclui o controle rigoroso de plantas voluntárias, também conhecidas como “soja guaxa”.
A principal razão para a imposição do vazio sanitário é o combate à ferrugem asiática da soja, uma das doenças mais destrutivas para essa cultura. Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática pode causar perdas significativas na produtividade, caso não seja devidamente controlada. Ao eliminar a presença da planta hospedeira durante o vazio sanitário, os esporos do fungo têm menos chance de sobreviver, reduzindo assim a incidência da doença na safra subsequente.
“Respeitar o vazio sanitário é uma medida essencial para garantir a sanidade das lavouras e, consequentemente, a sustentabilidade da produção de soja no estado. É uma prática que, além de proteger as plantações, também contribui para a competitividade do agronegócio goiano no mercado nacional e internacional”, afirma João Oliveira, engenheiro agrônomo e consultor agrícola.
Perspectivas para a Safra 2024/25
Com o término do vazio sanitário, os produtores de soja em Goiás começam a se movimentar para o plantio da nova safra. As condições climáticas favoráveis, impulsionadas pela previsão de um regime regular de chuvas devido ao fenômeno El Niño, alimentam o otimismo para a safra 2024/25.
A expectativa é de que Goiás mantenha sua posição de destaque como um dos principais produtores de soja do Brasil, com projeções de crescimento na área plantada. Segundo estimativas da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), a área destinada à soja deve aumentar em cerca de 3% em relação à safra anterior, totalizando aproximadamente 4 milhões de hectares.
“Estamos otimistas para esta safra. As condições climáticas até o momento indicam uma boa distribuição de chuvas, o que é fundamental para o desenvolvimento das plantas. Além disso, os preços no mercado internacional estão atraentes, o que pode resultar em uma safra altamente lucrativa”, destaca Carlos Henrique Mendes, produtor rural na região sudoeste de Goiás.
Desafios e Cuidados para a Nova Safra
Apesar das boas expectativas, os produtores devem estar atentos a alguns desafios que podem impactar a safra 2024/25. Um dos principais é o controle contínuo de pragas e doenças, mesmo após o fim do vazio sanitário. A ferrugem asiática, apesar de reduzida pelo vazio sanitário, ainda representa uma ameaça constante e exige monitoramento e manejo integrado de pragas.
Além disso, a logística de escoamento da produção é outro ponto crítico. Com a previsão de uma safra robusta, o aumento no volume de grãos pode pressionar a infraestrutura de transporte, especialmente em períodos de pico de colheita. Investimentos em armazenagem e melhorias nas rodovias e ferrovias serão fundamentais para evitar gargalos na exportação da soja goiana.
Outro aspecto a ser considerado é a pressão ambiental. A expansão da área de cultivo em Goiás e outras regiões do Brasil está sob constante vigilância de órgãos ambientais e da sociedade civil, que demandam práticas agrícolas mais sustentáveis. O uso racional de defensivos agrícolas e a adoção de tecnologias para a redução do impacto ambiental serão cada vez mais exigidos.
Comunicado Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) – Governo de Goiás
A partir de 25 de setembro, os produtores podem iniciar a semeadura da soja em Goiás para a safra 2024/2025. É que termina, no dia 24 de setembro, o vazio sanitário da cultura que teve início em 27 de junho no Estado. Durante esse período de 90 dias, os agricultores não puderam plantar ou manter plantas vivas de soja em qualquer fase de desenvolvimento em lavouras.
O foco foi evitar a proliferação da principal praga da sojicultora, a ferrugem asiática, já que plantas que nascem nas áreas cultivadas após a colheita da safra, conhecidas como “tigueras da soja”, podem se tornar hospedeiras do fungo causador da doença e, por isso, tiveram que ser eliminadas. A medida segue a Instrução Normativa nº 02, de abril de 2022, do Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).
Segundo o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, a ação fitossanitária é importante, porque contribui para assegurar a sanidade vegetal no Estado, que hoje é o quarto maior produtor de soja do País – atrás apenas de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul – segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A previsão é que Goiás encerre a safra 2023/2024 com 16,8 milhões de toneladas do grão.
“Se hoje Goiás se destaca em produção e produtividade na soja, muito se deve ao trabalho de defesa agropecuária realizado no Estado, juntamente ao compromisso do produtor rural goiano em seguir as medidas necessárias para garantir a qualidade do produto cultivado em Goiás e fomentar a economia agrícola goiana”, enfatiza.
Cadastro de lavoura
A Agrodefesa alerta ainda os produtores goianos de soja para a obrigatoriedade de cadastrarem suas lavouras. Conforme a Instrução Normativa nº 06/2024, o cadastro deve ser realizado a cada nova safra, de forma eletrônica, no Sistema de Defesa Agropecuário de Goiás (Sidago). O prazo máximo para o cadastramento é de 15 dias após o término do calendário de semeadura da safra 2024/2025, que será 02 de janeiro de 2025. No cadastro devem constar informações da área plantada, tipo de cultivar utilizado, data do plantio e previsão da colheita, identificação do responsável técnico e origem da semente.
Para a realização do cadastro, é solicitado o CNPJ de onde foi adquirida a semente, ou se a semente foi produzida pelo próprio produtor, além de informações sobre cultura irrigada ou não. Após a realização do cadastro eletrônico, o produtor deve imprimir o boleto gerado pelo sistema e efetuar o pagamento da taxa correspondente. O cadastro só será validado após a confirmação do pagamento, assegurando que todas as etapas foram devidamente cumpridas, caso contrário a taxa fica em aberto e o produtor estará sujeito às sanções administrativas.
Atenção
O início da safra 2024/2025, com o plantio da soja, demanda ainda atenção do setor produtivo rural em relação aos efeitos das queimadas no Estado. Segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado, “é necessário avaliar os reflexos do pós-queimada, se vai ser preciso plantar com solo descoberto, por exemplo. O produtor vai ter que fazer essa avaliação de sua área”, destaca. A gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, alerta que o ideal é os produtores consultarem as instituições meteorológicas. “Isso pode auxiliar com informações e planejamento para o melhor período de cultivo da soja sequeiro como forma de evitar prejuízos econômicos”, ressalta.
Sobre o Autor
0 Comentários