Cigarrinha-das-pastagens

Cigarrinha-das-pastagens

Você sabia que uma infestação de cigarrinhas das pastagens pode reduzir em até 50% a produção de forragem, comprometendo diretamente a engorda do gado, a produção de leite e o rendimento da sua propriedade? Se você está enfrentando esse problema, sabe muito bem o quanto ele pesa no bolso e na produtividade. A cigarrinha-das-pastagens é um dos maiores pesadelos de quem trabalha com pecuária a pasto. Pequena no tamanho, mas devastadora nos impactos, ela pode transformar áreas verdes e produtivas em campos secos, de aparência queimada, praticamente inúteis para o pastejo.

Mas calma! Se você já tentou de tudo ou ainda está em busca da melhor forma de controlar essa praga, chegou ao lugar certo. Neste artigo, vamos revelar de forma prática, detalhada e atualizada como identificar, prevenir e controlar a cigarrinha das pastagens com estratégias eficazes de manejo integrado. Chegou a hora de virar o jogo e recuperar o potencial produtivo das suas áreas de pasto. Vamos juntos entender esse inimigo e aprender, de uma vez por todas, como combatê-lo do jeito certo.

O que é a Cigarrinha-das-Pastagens

A cigarrinha-das-pastagens é um inseto sugador pertencente à ordem Hemiptera e à família Cercopidae. Ela se alimenta da seiva das plantas forrageiras, especialmente das gramíneas utilizadas em pastagens, como os capins do gênero Brachiaria, Panicum e Andropogon.

As espécies mais comuns no Brasil são Deois flavopicta, Deois incompleta e Notozulia entreriana, mas há outras variações dependendo da região e do tipo de pastagem. Embora cada uma tenha características específicas, todas compartilham um fator em comum: são altamente destrutivas para a produção de forragem.

O ciclo de vida da cigarrinha passa por três fases principais: ovo, ninfa (ou forma jovem) e adulto. As ninfas vivem no solo, protegidas por uma espuma esbranquiçada, popularmente conhecida como “saliva”, formada por secreções do próprio inseto e partículas do solo. Essa espuma serve como proteção contra predadores e condições climáticas adversas.

Já os adultos são visíveis nas folhas e colmos das plantas, alimentando-se da seiva. O ataque intenso causa amarelamento, ressecamento e morte das folhas, prejudicando severamente a rebrota do pasto e diminuindo a capacidade de suporte da área. Em casos mais graves, pode haver necessidade de reforma total da pastagem.

Além do dano direto causado pela sucção, a cigarrinha também injeta toxinas que aceleram o colapso dos tecidos vegetais, intensificando os sintomas e dificultando a recuperação da planta. O impacto é ainda maior em sistemas de produção que dependem exclusivamente de pastagens para a alimentação do rebanho, tornando o controle dessa praga uma prioridade absoluta na pecuária.

Cultivares Mais Resistentes à Cigarrinha-das-Pastagens

Uma das formas mais eficientes e sustentáveis de controlar a cigarrinha-das-pastagens é a utilização de cultivares forrageiras com maior resistência natural à praga. Essa estratégia faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e reduz a necessidade de intervenções químicas, além de contribuir para a longevidade e produtividade das áreas de pasto.

A resistência das plantas pode se dar de três formas principais:

  • Antixenose (evitação) – a planta apresenta características que dificultam a alimentação ou oviposição da cigarrinha.
  • Antibiose – a planta afeta negativamente o desenvolvimento e a sobrevivência da praga.
  • Tolerância – a planta suporta o ataque sem grandes prejuízos à sua produtividade.

No Brasil, diversas pesquisas conduzidas pela Embrapa e outras instituições resultaram no desenvolvimento de cultivares adaptadas às diferentes regiões e com maior resistência às cigarrinhas. Confira algumas das principais:

📌 Brachiaria brizantha cv. Marandu

Conhecida pela alta resistência às cigarrinhas, especialmente às espécies Deois flavopicta e Notozulia entreriana. Apresenta bom desempenho em solos bem drenados e boa aceitação pelo gado.

📌 Brachiaria brizantha cv. Xaraés

Possui porte alto, bom valor nutritivo e resistência moderada às cigarrinhas. Ideal para pastejo rotacionado e uso em sistemas de integração lavoura-pecuária.

📌 Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã

Variedade com boa resistência a cigarrinhas e excelente qualidade de forragem. Também é menos suscetível à queda de folhas em períodos de seca, sendo indicada para sistemas mais intensivos.

📌 Brachiaria hybrid cv. BRS Ipyporã

Resultado do cruzamento entre B. ruziziensis e B. brizantha, essa cultivar apresenta alta resistência às principais espécies de cigarrinha e bom desempenho agronômico, mesmo em solos com menor fertilidade.

📌 Brachiaria humidicola cv. BRS Tupi

Embora menos nutritiva que as brizanthas, essa cultivar tem excelente resistência às cigarrinhas e tolerância a solos mal drenados. É uma ótima opção para áreas sujeitas a encharcamento.

A escolha da cultivar ideal deve considerar as condições edafoclimáticas da região, o sistema de manejo adotado e a histórico de infestação da praga na propriedade. A introdução de cultivares resistentes, aliada a outras práticas de manejo, é um passo essencial para reduzir os danos causados pela cigarrinha e garantir uma pastagem produtiva e duradoura.

Danos Visíveis e Impactos Econômicos da Cigarrinha-das-Pastagens

Os prejuízos provocados pela cigarrinha-das-pastagens são alarmantes e podem comprometer toda a rentabilidade de uma propriedade pecuária, especialmente em sistemas que dependem exclusivamente de pastagem para alimentação do rebanho. Por isso, entender os sinais visíveis da infestação e seus impactos econômicos é fundamental para agir rapidamente.

Danos Visíveis no Campo

Os primeiros sinais da presença da cigarrinha muitas vezes passam despercebidos, mas rapidamente evoluem para sintomas intensos e generalizados. Entre os principais, destacam-se:

  • Manchas amareladas ou avermelhadas nas folhas, que indicam os pontos de sucção e injeção de toxinas pelo inseto;
  • Aspecto queimado do pasto, onde grandes áreas adquirem coloração marrom, como se tivessem sido atingidas por fogo;
  • Redução da rebrota após o pastejo, dificultando o manejo rotacionado e comprometendo o ciclo de uso da forragem;
  • Presença de espuma esbranquiçada na base das plantas, sinal da fase ninfal da cigarrinha;
  • Declínio na densidade e cobertura da pastagem, com surgimento de áreas abertas e propensas à invasão de plantas daninhas.

Esses danos visuais não são apenas estéticos: eles refletem uma queda brusca na produtividade da forrageira, o que leva a uma série de consequências econômicas diretas e indiretas.

Impactos Econômicos

Os impactos causados pela cigarrinha vão muito além do visual e afetam todo o sistema produtivo. Veja alguns dos prejuízos mais comuns:

  • Redução de até 50% na produção de matéria seca da pastagem, o que obriga o pecuarista a complementar a alimentação com ração ou silagem, elevando os custos;
  • Perda de ganho de peso e queda na produção de leite, comprometendo a rentabilidade do gado de corte e leiteiro;
  • Maior necessidade de reforma de pastagens, que pode custar de R$ 1.500 a R$ 3.000 por hectare, dependendo da região e da técnica usada;
  • Aumento no uso de defensivos químicos, o que eleva os custos e pode impactar o equilíbrio ecológico do sistema;
  • Perda de potencial genético do rebanho, já que os animais não expressam sua capacidade produtiva plena devido à limitação nutricional.

Além disso, a infestação descontrolada de cigarrinhas pode levar à degradação acelerada do solo, pela exposição da terra nua e maior suscetibilidade à erosão, dificultando o restabelecimento de uma pastagem saudável.

Os danos causados pela cigarrinha não devem ser subestimados. Ao menor sinal da praga, é essencial adotar medidas de controle e implementar estratégias de manejo integrado para proteger o solo, o pasto e a rentabilidade do sistema pecuário como um todo.

Formas de Controle da Cigarrinha-das-Pastagens

O controle eficaz da cigarrinha-das-pastagens exige uma abordagem integrada, que combine diferentes métodos de forma planejada e sustentável. Depender apenas de inseticidas, por exemplo, pode gerar resistência da praga, desequilíbrio ambiental e custos elevados. Por isso, o ideal é adotar uma combinação de estratégias baseadas no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Abaixo, explicamos os principais métodos de controle disponíveis:

Controle Biológico

O controle biológico utiliza inimigos naturais para reduzir a população das cigarrinhas de forma natural, segura e econômica. Entre os principais agentes biológicos, destacam-se:

  • Fungos entomopatogênicos, como Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, que infectam e matam as ninfas e adultos. São aplicados diretamente sobre as áreas infestadas e têm ação mais eficaz quando a umidade do solo está alta.
  • Parasitoides e predadores naturais, como formigas e besouros do solo, que atacam as ninfas protegidas pela espuma.
  • Conservação de biodiversidade, com manutenção de áreas de vegetação nativa próximas às pastagens, favorecendo o equilíbrio natural e o aumento dos inimigos naturais.

Esse tipo de controle é especialmente indicado para propriedades que seguem princípios agroecológicos ou visam reduzir a dependência de químicos.

Controle Químico

Apesar de não ser o método mais recomendado como primeira escolha, o controle químico pode ser necessário em infestações severas e de difícil controle. Os principais pontos a considerar são:

  • Utilização de inseticidas registrados para pastagens, respeitando as orientações técnicas e os períodos de carência;
  • Aplicação direcionada para os momentos de maior vulnerabilidade das cigarrinhas, principalmente nas fases de emergência dos adultos;
  • Alternância de princípios ativos, para evitar a seleção de populações resistentes;
  • Uso de pulverizadores adequados que garantam boa cobertura da parte aérea e das bases das plantas, onde as ninfas se concentram.

É fundamental que o uso de defensivos químicos seja orientado por um engenheiro agrônomo, seguindo recomendações técnicas e respeitando as boas práticas agrícolas.

Controle Cultural

O controle cultural é um dos pilares mais importantes para evitar infestações e manter o equilíbrio do sistema. Entre as práticas mais recomendadas estão:

  • Rotação de pastagens e alternância de cultivares resistentes, evitando o uso contínuo de espécies suscetíveis;
  • Evitar o superpastejo, pois o estresse das plantas favorece o ataque de cigarrinhas e compromete a recuperação do pasto;
  • Queima controlada da palhada superficial, em situações muito específicas e orientadas tecnicamente, para reduzir ovos e ninfas no solo;
  • Plantio de cultivares resistentes, como vimos anteriormente, é uma das ferramentas mais eficientes de prevenção.

Adotar um sistema de controle combinado, adaptado às condições da propriedade, é o caminho mais seguro e eficiente para manter as cigarrinhas sob controle e garantir a saúde das pastagens no longo prazo.

Conclusão

A cigarrinha-das-pastagens é, sem dúvida, uma das pragas mais desafiadoras da pecuária brasileira, capaz de comprometer toda a produção forrageira, reduzir drasticamente o desempenho do rebanho e provocar prejuízos econômicos que se estendem por várias safras. Porém, o cenário muda quando o produtor adota uma postura ativa e estratégica diante do problema.

Como vimos ao longo deste artigo, o segredo do controle efetivo está na combinação de conhecimento técnico, planejamento e ação integrada. Investir em cultivares resistentes, manter o pasto bem manejado, fazer o monitoramento constante da lavoura e aplicar métodos de controle biológico, cultural e químico de forma equilibrada são atitudes que fazem toda a diferença no campo.

Não se trata apenas de combater uma praga — trata-se de garantir a sustentabilidade do sistema produtivo, preservar o solo, manter o bem-estar animal e assegurar a rentabilidade da atividade ao longo do tempo.

Se você está sofrendo com esse problema, não deixe para depois. A cigarrinha não espera. Comece hoje mesmo a aplicar o que aprendeu aqui e veja como é possível recuperar e manter uma pastagem saudável, produtiva e resistente.

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